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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ainda pensando em florbela ...

"Metade de mim é sofreguidão,
a outra metade desalento..."
Flora Castro

FLORBELA ESPANCA- Uma flor que carregava as dores do mundo.


Biografia

Mesmo antes de seu nascimento, a vida de Florbela Espanca já estava marcada pelo inesperado, pelo dramático, pelo incomum. Seu pai, João Maria Espanca era casado com Maria Toscano. Como a mesma não pôde dar filhos ao marido, João Maria se valeu de uma antiga regra medieval, que diz que quando de um casamento não houver filhos, o marido tem o direito de ter os mesmos com outra mulher de sua escolha. Assim, no dia 8 de dezembro de 1894 nasce Flor Bela Lobo, filha de Antónia da Conceição Lobo. João Maria ainda teve mais um filho com Antónia, Apeles. Mais tarde, Antónia abandona João Maria e os filhos passam a conviver com o pai e sua esposa, que os adotam.
Florbela entra para o curso primário em 1899, passando a assinar Flor d’Alma da Conceição Espanca. O pai de Florbela foi em 1900 um dos introdutores do cinematógrafo em Portugal. A mesma paixão pela fotografia o levará a abrir um estúdio em Évora, despertando na filha a mesma paixão e tomando-a como modelo favorita, razão pela qual a iconografia de Florbela, principalmente feita pelo pai, é bastante extensa.
Em 1903, aos sete anos, faz seu primeiro poema, A Vida e a Morte. Desde o início é muito clara sua precocidade e preferência a temas mais escusos e melancólicos.
Em 1908 Antônia Conceição, mãe de Florbela, falece. Florbela então ingressa no Liceu de Évora, onde permanece até 1912, fazendo com que a família se desloque para essa cidade. Foi uma das primeiras mulheres a ingressar no curso secundário, fato que não era visto com bons olhos pela sociedade e pelos professores do Liceu. No ano seguinte casa-se no dia de seus 19 anos com Alberto Moutinho, colega de estudos.
O casal mora em Redondo até 1915, quando regressa à Évora devido a dificuldades financeiras. Eles passam a morar na casa de João Maria Espanca. Sob o olhar complacente de Florbela ele convive abertamente com uma empregada, divorciando-se da esposa em 1921 para casar-se com Henriqueta de Almeida, a então empregada.
Voltando a Redondo em 1916, Florbela reúne uma seleção de sua produção poética de 1915 e inaugura o projeto Trocando Olhares, coletânea de 88 poemas e três contos. O caderno que deu origem ao projeto encontra-se na Biblioteca Nacional de Lisboa, contendo uma profusão de poemas, rabiscos e anotações que seriam mais tarde ponto de partida para duas antologias, onde os poemas já devidamente esclarecidos e emendados comporão o Livro de Mágoas e o Livro de Soror Saudade.
Regressando a Évora em 1917 a poetisa completa o 11º ano do Curso Complementar de Letras, e logo após ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Após um aborto involuntário, se muda para Quelfes, onde apresenta os primeiros sinais sérios de neurose. Seu casamento se desfaz pouco depois.
Em junho de 1919 sai o Livro de Mágoas, que apesar da poetisa não ser tão famosa faz bastante sucesso, esgotando-se rapidamente. No mesmo ano passa a viver com Antônio Guimarães, casando-se com ele em 1921. Logo depois Florbela passa a trabalhar em um novo projeto que a princípio se chamaria Livro do Nosso Amor ou Claustro de Quimeras. Por fim, torna-se o Livro de Soror Saudade, publicado em janeiro de 1923.
Após mais um aborto separa-se pela segunda vez, o que faz com que sua família deixe de falar com ela. Essa situação a abalou muito. O ex-marido abriu mais tarde em Lisboa uma agência, “Recortes”, que enviava para os respectivos autores qualquer nota ou artigo sobre ele. O espólio pessoal de Antônio Guimarães reúne o mais abundante material que foi publicado sobre Florbela, desde 1945 até 1981, ano do falecimento do ex-marido. Ao todo são 133 recortes.
Em 1925 Florbela casa-se com Mário Lage no civil e no religioso e passa a morar com ele, inicialmente em Esmoriz e depois na casa dos pais de Lage em Matosinhos, no Porto.
Passa a colaborar no D. Nuno em Vila Viçosa, no ano de 1927, com os poemas que comporão o Charneca em Flor. Em carta ao diretor do D. Nuno fala da conclusão de Charneca em Flor, e fala também da preparação de um livro de contos, provavelmente O Dominó Preto.
No mesmo ano Apeles, irmão de Florbela, falece em um trágico acidente, fato esse que abalou demais a poetisa. Ela aferra-se à produção de As Máscaras do Destino, dedicando ao irmão. Mas então Florbela nunca mais será a mesma, sua doença se agrava bastante após o ocorrido.
Começa a escrever seu Diário de Último Ano em 1930. Passa a colaborar nas revistas Portugal Feminino e Civilização, trava também conhecimento com Guido Batelli, que se oferece para publicar Charneca em Flor. Florbela então revê em Matosinhos as provas do livro, depois de tentar o suicídio, período em que a neurose se agrava e é diagnosticado um edema pulmonar.
Em dois de dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras novas.” Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal. Algumas décadas depois seus restos mortais são transportados para Vila Viçosa, “… a terra alentejana a que entranhadamente quero”.
FONTES:
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/projtelecolab/tintalusa/
numerodois/tl3.html
http://purl.pt/272/2/index.html
http://www.torre.xrs.net/
Coleção “A Obra Prima de Cada Autor” – Editora Martin Claret
pesquisado pelo site:http://www.prahoje.com.br/florbela/?page_id=59
 "A triteza que trazes em teu olhar,oh minha irmã de alma,é apenas um dos elos que nós uni..." (Flora Castro)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Baixe a íntegra das entrevistas do Produção Cultural no Brasil (pdf) | Produção Cultural no Brasil

Baixe a íntegra das entrevistas do Produção Cultural no Brasil (pdf) | Produção Cultural no Brasil

OS VÁRIOS PONTOS DE VISTA SOBRE O QUE É SER UM PRODUTOR CULTURAL NO BRASIL.


O que é um produtor cultural?

Nos mais de 600 minutos de entrevistas com quem faz, pensa e multiplica a cultura brasileira, surgiram depoimentos com os mais diversos pontos de vistas sobre o que é ser um produtor cultural no Brasil. Produtor de recurso, de talento, um autodidata, um gestor, um artista, um agitador…
Resolvemos compilar algumas destas visões distintas, para você ter uma noção sobre a quantas anda a função no Brasil.
Foto de André Midani
Produtor de recursos x produtor de talento
“Tem vários tipos de produtores culturais. O produtor cultural que é a pessoa que vai buscar fundos para investir em um determinado artista ou num grupo de artistas, haja visto a Lei Rouanet, por exemplo. E tem outro tipo de produtor cultural. Da música é a pessoa que se encarrega de ser o companheiro do artista e que ajuda o artista a conceituar sua música. Este é um produtor cultural também. Este não vai atrás do dinheiro, este vai atrás do talento.”
André Midani, Executivo da indústria fonográfica (íntegra da entrevista)
Fotos de Yacoff Sarkovas
Produtor Gestor
“O que eu pude depreender desta minha passagem pela produção cultural do país, essa área que eu chamo de área cultural não industrial (as companhias de teatro, de dança, mesmo os museus) é que essas são áreas em que há muita competência artística e baixa competência de gestão, de administração.(…) Hoje, felizmente, você tem um processo de profissionalização não artística ocorrendo na área cultural brasileira. Isto é importantíssimo porque o gestor cultural tem uma capacidade, um bom gestor cultural tem uma capacidade de ampliar a efetividade da ação cultural.
Yakoff Sarcovas, Presidente das empresas Articultura e Significa (íntegra da entrevista)
Foto de Ruy Cezar
Produtor aprendiz
“Todo o trabalho é feito com a grande parcela, com grupo de jovens administrando, gerindo, assumindo contatos e a recepção das pessoas que chegam, facilitação entre as pessoas, o trabalho técnico nos palcos. Então os jovens estão juntos com os profissionais o tempo todo e em posições-chave (…) “Olha, eles não sabiam como resolver, mas eram vários tentando ajudar”. De qualquer forma, eu me senti tão cuidado que eu nem me importava mais se o problema ia ser resolvido.”
Ruy Cezar, Fundador da Casa Via Magia (íntegra da entrevista)
Foto de Toninho Mendes
Produtor executivo
“Olha, o produtor cultural, por exemplo, pode ser uma moça que foi muito bem criada pela família Klabin, que vai para a Europa, assiste peça de teatro, assiste um monte de coisas, vem pra cá, é uma pessoa que não tem grandes ocupações. Ela pega um algum amigo que também não tem ocupação. Eles conseguem uma lei de incentivo que o pai do amigo dela dá porque a empresa é outra. E ela faz produção cultural, entendeu?”
Toninho Mendes, Editor e criador da Circo Editorial (íntegra da entrevista)
Foto de Marcelino Freire
Produtor agitador
Às vezes falam: ‘O Marcelino é um agitador cultural’. Eu sou um ‘agitado cultural’, não me contenho. Eu faço as coisas porque eu quero interferir, como diz o Glauco Mattoso, eu quero interferir na geografia das coisas. ‘A vida’, já dizia o poeta Chacal, ‘a vida é muito curta para ser pequena’, então vá, se entregue às coisas. Nesse sentido, eu sou um teimoso, eu faço porque eu sou muito teimoso, eu faço porque me dá uma agonia, porque eu quero tirar a literatura deste casulo, tornar a literatura mais viva, mais pulsante, estar participando mais da vida das pessoas, é isso (risos).”
Marcelino Freire (foto), escritor e agitador cultural (íntegra da entrevista)

Foto de Leandro Knopfholz
Produtor meio
O produtor cultural é um agente, é um eixo, talvez, de juntar possibilidades de que como eu me entendo. Eu vejo que eu faço parte de uma cadeia, que é um cadeia da economia criativa, da indústria criativa. Do que depende esta cadeia? Da criatividade. Normalmente o criativo é o cara mais emocional, então faz parte do trabalho do produtor cultural reconhecer essa criatividade, trabalhar a criatividade, embalar a criatividade e apresentar essa criatividade para o público. Quem é esse público? É o patrocinador, é o agente público, é o público em geral, é a imprensa, é todo mundo. Então eu acho que o produtor cultural, a profissão produtor cultural, é essa profissão que fica no meio, entre a criatividade e o consumo, e trabalha a cadeia. É isso.
Leandro Knopfholz, Diretor do Festival de Teatro de Curitiba (íntegra da entrevista)
Foto da Fabrício Ofuji
Produtor social
“Eu acho que tem que ter um equilíbrio, você não pode ser só um operário, não pode ser só um cara que está ali pela arte porque no fim das contas não é só arte. Eu acho que o papel, uma vez que você está pensando na música como profissão, o resultado final, é muito além disso. Tem um reconhecimento maior e uma responsabilidade maior também, que não se limita a só fazer a música. Tem também uma questão social, econômica, que a gente precisa dar adendo cultural.

Fabrício Ofuji (foto), Produtor da banda Móveis Coloniais de Acaju (íntegra da entrevista)
Foto de Aroldo Pedrosa
Produtor autodidata
“O produtor cultural é uma pessoa que é dedicada, que já nasceu com isso. Eu acredito que a gente nasce – eu, desde menino, a música mexe comigo. Eu estou com filho pequeno agora. É impressionante, eu estou no computador e ele está envolvido. E o produtor vem se formando. De tanto gostar de música desde de menino, não teve outro jeito, olha onde é que eu estou!
Aroldo Pedrosa, Compositor, escritor e agitador cultural  (íntegra da entrevista)
Foto de Chacal
Produtor empresário
“Eu acho que o produtor cultural tem que ficar atento, com um olho no peixe e outro no comprador, tem que saber otimizar a coisa que ele quer fazer, que ele acredita que é uma coisa poderosa para o desenvolvimento da humanidade, seja do ponto de vista estritamente de linguagem artística, seja do ponto de vista de educação artística. E que as coisas possam se juntar com a possibilidade de proporcionar isso, ou seja: quem é que vai comprar? Quem é que vai bancar? Isto eu acho que é o produtor cultural atualmente.
Chacal (foto), Músico e poeta (íntegra da entrevista)

Foto do Rui do Carmo
Produtor por acaso (ou por necessidade?)
“E o produtor cultural é esse, é aquele que acredita no artista, faz a produção cultural e vive dessa produção cultural. Porque na realidade eu não me sinto um produtor cultural, eu me tornei um produtor cultural por necessidade.
Rui do Carmo
, Poeta, fundador do Movimento Literário Extremo Norte (íntegra da entrevista)
Como percebemos, as definições são muitas. Assim como as atribuições de um produtor cultural. E aí? O que é ser um produtor cultural?
Publicado: 30 de setembro de 2010 às 14:33
Autor: leofoletto

FONTE: http://www.producaocultural.org.br/