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segunda-feira, 28 de março de 2011

A SOCIOLOGIA NO OLHAR DE PIERRE DE BOURDIEU

Pierre Bourdieu

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Pierre Félix Bourdieu (Denguin, 1 de agosto de 1930Paris, 23 de janeiro de 2002) foi um importante sociólogo francês.
De origem campesina, filósofo de formação, chegou a docente na École de Sociologie du Collège de France, instituição que o consagrou como um dos maiores intelectuais de seu tempo. Desenvolveu, ao longo de sua vida, mais de 300 trabalhos abordando a questão da dominação e é, sem dúvida, um dos autores mais lidos, em todo o mundo, nos campos da Antropologia e Sociologia, cuja contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia, lingüística e política. Também escreveu muito analisando a própria Sociologia enquanto disciplina e prática. A sociedade cabila, na Argélia, foi o palco de suas primeiras pesquisas. Seu primeiro livro, Sociologia da Argélia (1958), discute a organização social da sociedade cabila, e em particular, como o sistema colonial interferiu na sociedade cabila, em suas estruturas e desculturação. Dirigiu, por muitos anos, a revista "Actes de la recherche en sciences sociales" e presidiu o CISIA (Comitê Internacional de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se posicionado clara e lucidamente contra o liberalismo e a globalização.
Sua discussão sociológica centralizou-se, ao longo de sua obra, na tarefa de desvendar os mecanismos da reprodução social que legitimam as diversas formas de dominação. Para empreender esta tarefa, Bourdieu desenvolve conceitos específicos, retirando os fatores econômicos do epicentro das análises da sociedade, a partir de um conceito concebido por ele como violência simbólica, no qual Bourdieu advoga acerca da não arbitrariedade da produção simbólica na vida social, advertindo para seu caráter efetivamente legitimador das forças dominantes, que expressam por meio delas seus gostos de classe e estilos de vida, gerando o que ele pretende ser uma distinção social.
O mundo social, para Bourdieu, deve ser compreendido à luz de três conceitos fundamentais: campo, habitus e capital.

Índice

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[editar] Biografia

Nascido numa família campesina, ingressa em 1951 na Faculdade de Letras, em Paris, na Escola Normal Superior e em 1954 gradua-se em Filosofia, assumindo a função de professor em Moulins. Após prestar serviço militar na Argélia, assume, em 1958 o cargo de professor assistente na Faculdade de Letras em Argel, quando inicia sua pesquisa acerca da sociedade cabila.
Em 1960 torna-se assistente de Raymond Aron, na Faculdade de Letras de Paris e principia seus estudos acerca do celibato na região de Béarn. Ainda em 1960 integra-se ao Centro de Sociologia Européia, do qual torna-se secretário geral em 1962.
Desenvolve ao longo das décadas de 1960 a 1980 farta obra, contribuindo significativamente para a formação do pensamento sociológico do século XX. Na década de 1970 estende sua atividade docente a importantes instituições estrangeiras, como as universidades de Harvard e Chicago e o Instituto Max Planck de Berlim. Em 1982 ministra sua aula inaugural ( Lições de Aula) no Collège de France (instituição que três anos mais tarde se associa ao Centro de Sociologia Européia), propondo uma "Sociologia da Sociologia", constituída de um olhar crítico sobre a formação do sociólogo como censor e detentor de um discurso de verdade sobre o mundo social. Neste sentindo, esta aula inaugural encontra-se com a ministrada por Barthes (A aula) e Foucault (A Ordem do Discurso), privilegiando a discussão acerca do saber acadêmico. É consagrado Doutor 'honoris causa' das universidades Livre de Berlim (1989), Johann-Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e Atenas (1996). Morreu em Paris, em 23 de janeiro de 2002, depois de finalizar um curso acerca de sua própria produção acadêmica, que servirá de fundamento ao seu último livro, Esboço para uma autoanálise.
Túmulo de Bourdieu no Cemitério do Père Lachaise

[editar] Teoria Social

Na agenda teórica proposta à Teoria Sociológica contemporânea, alguns elementos merecem destaque: a releitura dos clássicos, a construção de conceitos e a postura crítica do intelectual diante de uma tomada de posicionamento político, elementos estes amalgamados em sua discussão sociológica. Ao compor, por exemplo a idéia de campo, Bourdieu dialoga com a idéia de esferas, proposta por Max Weber e, ainda, com o conceito de classe social de Marx.

[editar] Construtivismo estruturalista ou estruturalismo construtivista

Bourdieu, permitindo ter seu pensamento rotulado, adota como nomenclatura o construtivismo estruturalista ou estruturalismo construtivista.
Esta postura consiste em admitir que existe no mundo social estruturas objetivas que podem dirigir, ou melhor, coagir a ação e a representação dos indivíduos, dos chamados agentes. No entanto, tais estruturas são construídas socialmente assim como os esquemas de ação e pensamento, chamados por Bourdieu de habitus.
Bourdieu tenta fugir da dicotomia subjetivismo/objetivismo dentro das ciências humanas. Rejeita tanto trabalhar no âmbito do fisicalismo, considerando o social enquanto fatos objetivos, como no do psicologismo, o que seria a "explicação das explicações".
O momento objetivo e subjetivo das relações sociais estão numa relação dialética. Existem realmente as estruturas objetivas que coagem as representações e ações dos agentes, mas estes, por sua vez, na sua cotidianidade, podem transformar ou conservar tais estruturas, ou almejar a tanto.
A verdade da interação nunca está totalmente expressa na maneira como ela se nos aprensenta imediatamente. Uma das mais importantes questões na obra de Bourdieu se centraliza na análise de como os agentes incorporam a estrutura social, ao mesmo tempo que a produzem, legitimam e reproduzem. Neste sentido se pode afirmar que ele dialoga com o Estruturalismo, ao mesmo tempo que pensa em que espécie de autonomia os agentes detêm. Bourdieu, então, se propõe a superar tanto o objetivismo estruturalista quanto o subjetivismo interacionista (fenomenológico, semiótico).

[editar] Bibliografia parcial

Entre as obras de Bourdieu traduzidas para português, contam-se:
  • A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino, Lisboa: Editorial Vega, 1978
  • O Poder Simbólico, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1992.
  • As Regras da Arte: génese e estrutura do campo literário, Lisboa: Presença, 1996
  • Razões Práticas: Sobre a teoria da ação, Campinas, Papirus Editora, 1996
  • Razões Práticas: sobre a teoria da acção, Oeiras: Celta Editora, 1997
  • Sobre a Televisão, Oeiras: Celta Editora, 1997
  • O Que Falar Quer Dizer: a economia das trocas simbólicas, Algés: Difel, 1998.
  • Contrafogos: táticas para resistir à invasão neoliberal. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
  • A Dominação Masculina, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999.
  • Meditações Pascalianas, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2001.
  • Contrafogos 2: por um movimento social europeu. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
  • A Produção da Crença: contribuição para uma economia dos bens simbólicos, Porto Alegre, Editora Zouk, 2001
  • As Estruturas Sociais da Economia, Lisboa: Instituto Piaget, 2001
  • Lições da Aula: aula inaugural proferida no Collége de France em 23 de abril de 1982. São Paulo: Ática, 2001.
  • Esboço de Uma Teoria da Prática, Precedido de Três Estudos de Etnologia Cabila, Oeiras: Celta Editora, 2002
  • O Amor Pela Arte: museus de arte na europa e seu público, Porto Alegre, Editora Zouk, 2003
  • A Miséria do Mundo. Petrópolis: Vozes, 2003.
  • Questões de Sociologia, Lisboa: Fim de Século, 2003
  • Esboço para uma Autoanálise, Lisboa : Edições 70, 2004
  • Para uma Sociologia da Ciência, Lisboa: Edições 70, 2004 (Trad. de: Science de la science et reflexivité)
  • Os Usos Sociais da Ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
  • Ofício de Sociólogo: metodologia da pesquisa na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2004. (em colaboração com Jean-Claude Chamboredon e Jean-Claude Passeron.)
  • A Distinção: crítica social do julgamento, Porto Alegre, Editora Zouk, 2007
  • O Senso Prático, Petrópolis, Vozes, 2009
bele

[editar] Outros textos


  • Um excelente texto, do antropólogo Loïc Wacquant, acerca da construção do conceito de habitus na obra de Pierre Bourdieu pode ser visitado neste link
  • BONNEWITZ, Patrice. Primeiras lições sobre a sociologia de P. Bourdieu. Rio de Janeiro: Petrópolis, 2003.
  • BOURDIEU, Pierre. Pierre Bourdieu entrevistado por Maria Andréa Loyola. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002.
  • BOURDIEU, Pierre e MICELI, Sergio (orgs.) Liber 1. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1997.
  • ORTIZ, Renato. Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.

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